sábado, 28 de outubro de 2017

Estado do Maranhão é o 2º com mais grávidas de até 17 anos- Blog Silvio de Oliveira


Essa realidade alcança inúmeras meninas no Brasil e principalmente no Maranhão. Isso porque o estado aparece na 2ª posição no ranking dos estados do Nordeste com maior quantidade de mulheres grávidas até os 17 anos, proporcionalmente à quantidade de mulheres que deram à luz.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das mulheres que residiam no Maranhão e que tiveram filhos no ano de 2015 (107.609 casos), 13.184 não haviam alcançado a maioridade. Isso representa 12,3% do número de mulheres que gestaram no ano.
Dados do IBGE

O Maranhão perde somente para Alagoas, que, das 51.339 mulheres que gestaram no estado, 6.925 tinham menos de 18 anos, representando 13,5% dos partos. O dado é alarmante e preocupa pelas consequências que traz tanto para as crianças – que nascem em ambientes familiares fragilizados –, quanto para as mães, que sentem o corpo e as responsabilidades serem alterados antes do tempo.
O risco de se engravidar na adolescência reside no fato de o estado hormonal da mãe ainda estar em fase de maturação. É o que garante a ginecologista obstetra Lícia Kercia, que atende pela Rede Hapvida Saúde.
“Quando a gravidez acontece mais perto da menarca, que é a primeira menstruação da mulher, o organismo ainda está se adaptando ao controle hormonal. Quando se instaura a gravidez, o corpo passa a produzir um turbilhão de hormônios que trarão várias alterações no corpo da menina, como volume de sangue e o funcionamento dos rins”, explica.

Para a psicóloga Yullia Marizia, as consequências dizem respeito, principalmente, às limitações psicológicas pelas quais essa “nova mãe” terá de enfrentar. “Antes era comum às mulheres casarem cedo e engravidarem no período adolescente, mas hoje a configuração social tornou bem delineadas as etapas da vida. Infância, adolescência, vida adulta e velhice. A adolescência é o momento de autoconhecimento. É quando o indivíduo se dá conta de que a vida passa e que as responsabilidades chegarão em breve”, esclarece.
Estrutura familiar
Ainda segundo a ginecologista obstetra Lícia Kercia, um dos principais motivos de haver tantas meninas engravidando tão cedo é a falta de estrutura na família. Ela conta que a banalização do sexo leva meninas e meninos a iniciar a vida sexual cada vez mais cedo.
“Seja por influência da mídia, seja por influência dos amigos, hoje é ‘careta’ ser virgem. Por isso, nosso trabalho é sempre de esclarecer que sexo tem que ser feito com responsabilidade e que ele traz consequências”, diz.

Um agravante também é a falta de informação. Muitas meninas acham que a utilização frequente da pílula do dia seguinte como método contraceptivo é suficiente, mas a ginecologista pondera que, quando prolongado, o uso pode não surtir o efeito desejado.
“Elas acabam ignorando a questão da proteção. Geralmente, elas partem para o uso da pílula do dia seguinte, e o uso frequente acaba aumentando o índice de gravidez. Isso porque, a cada vez que ela toma, a segurança reduz em 2% a eficácia do contraceptivo, reduzindo o potencial de prevenção desse método”, pontua.

Apoio faz a diferença

Brenda Mendes e Tayna Castro, as personagens desta matéria, afirmam que passaram por problemas, mas as duas repetiram uma palavra que fez toda a diferença na vida delas: Apoio. “As pessoas acham que, quando se tem um filho cedo, a vida acaba, mas comigo isso não aconteceu. Tenho tempo para estudar e também para passar com minha filha. Mas tive muito apoio dos pais, o que me ajudou muito”, lembra Tayna Castro.
Frente às dificuldades, o que mais elas receberam da família e amigos foi apoio, realidade nem sempre presente na história de outras garotas que engravidaram cedo. É o caso de Clara, que preferiu não identificar o sobrenome. Ela teve um filho aos 17 anos e comenta que, embora não tenha sido expulsa de casa, não recebeu apoio da família e nem de amigos próximos.
“Me senti sozinha e, no lugar onde deveria encontra auxílio, dei de cara com olhares de reprovação e palavras de desânimo. O que tive de fazer foi permanecer firme com a gravidez apesar de todas as dificuldades”, revela com tristeza. Clara, de 22 anos, atualmente mora sozinha com seu filho, que tem hoje 5 anos de idade.

Informação sobre anticoncepcional

Para especialistas, a informação ainda é a melhor forma de prevenção. A aliança entre família e escola pode ser de extrema importância para a conscientização desses adolescentes.
“As escolas podem ajudar a esclarecer pontos como a imensa gama de opções de métodos anticoncepcionais que podem prevenir. Além disso, as mães precisam conversar bastante com suas filhas e mostra a elas como proceder nessas situações. Conversar com os meninos também é essencial para orientar quanto ao sexo indiscriminado”, declara.
A psicóloga Yullia confirma que a conversa entre pais e filhos é sempre o melhor caminho e aponta que, quando esse diálogo começa desde cedo, os impactos são indefinidamente menores. “É algo mais que certo: conversar e manter diálogo sobre sexualidade diminui em muitos níveis os riscos de um indivíduo cometer deslizes inconsequentes”, afirma.

Por: O Imparcial

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