Essa realidade alcança inúmeras meninas no Brasil e
principalmente no Maranhão. Isso porque o estado aparece na 2ª posição no
ranking dos estados do Nordeste com maior quantidade de mulheres grávidas até
os 17 anos, proporcionalmente à quantidade de mulheres que deram à luz.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), das mulheres que residiam no Maranhão e que tiveram filhos no ano de
2015 (107.609 casos), 13.184 não haviam alcançado a maioridade. Isso representa
12,3% do número de mulheres que gestaram no ano.
Dados do IBGE
O Maranhão perde somente para Alagoas, que, das 51.339
mulheres que gestaram no estado, 6.925 tinham menos de 18 anos, representando
13,5% dos partos. O dado é alarmante e preocupa pelas consequências que traz
tanto para as crianças – que nascem em ambientes familiares fragilizados –,
quanto para as mães, que sentem o corpo e as responsabilidades serem alterados
antes do tempo.
O risco de se engravidar na adolescência reside no fato de o
estado hormonal da mãe ainda estar em fase de maturação. É o que garante a
ginecologista obstetra Lícia Kercia, que atende pela Rede Hapvida Saúde.
“Quando a gravidez acontece mais perto da menarca, que é a primeira menstruação
da mulher, o organismo ainda está se adaptando ao controle hormonal. Quando se
instaura a gravidez, o corpo passa a produzir um turbilhão de hormônios que
trarão várias alterações no corpo da menina, como volume de sangue e o
funcionamento dos rins”, explica.
Para a psicóloga Yullia Marizia, as consequências dizem
respeito, principalmente, às limitações psicológicas pelas quais essa “nova
mãe” terá de enfrentar. “Antes era comum às mulheres casarem cedo e
engravidarem no período adolescente, mas hoje a configuração social tornou bem
delineadas as etapas da vida. Infância, adolescência, vida adulta e velhice. A
adolescência é o momento de autoconhecimento. É quando o indivíduo se dá conta
de que a vida passa e que as responsabilidades chegarão em breve”, esclarece.
Estrutura familiar
Ainda segundo a ginecologista obstetra Lícia Kercia, um dos
principais motivos de haver tantas meninas engravidando tão cedo é a falta de
estrutura na família. Ela conta que a banalização do sexo leva meninas e
meninos a iniciar a vida sexual cada vez mais cedo.
“Seja por influência da mídia, seja por influência dos
amigos, hoje é ‘careta’ ser virgem. Por isso, nosso trabalho é sempre de
esclarecer que sexo tem que ser feito com responsabilidade e que ele traz
consequências”, diz.
Um agravante também é a falta de informação. Muitas meninas
acham que a utilização frequente da pílula do dia seguinte como método
contraceptivo é suficiente, mas a ginecologista pondera que, quando prolongado,
o uso pode não surtir o efeito desejado.
“Elas acabam ignorando a questão da proteção. Geralmente,
elas partem para o uso da pílula do dia seguinte, e o uso frequente acaba
aumentando o índice de gravidez. Isso porque, a cada vez que ela toma, a
segurança reduz em 2% a eficácia do contraceptivo, reduzindo o potencial de
prevenção desse método”, pontua.
Apoio faz a diferença
Brenda Mendes e Tayna Castro, as personagens desta matéria,
afirmam que passaram por problemas, mas as duas repetiram uma palavra que fez
toda a diferença na vida delas: Apoio. “As pessoas acham que, quando se tem um
filho cedo, a vida acaba, mas comigo isso não aconteceu. Tenho tempo para
estudar e também para passar com minha filha. Mas tive muito apoio dos pais, o
que me ajudou muito”, lembra Tayna Castro.
Frente às dificuldades, o que mais elas receberam da família e amigos foi apoio, realidade nem sempre presente na história de outras garotas que engravidaram cedo. É o caso de Clara, que preferiu não identificar o sobrenome. Ela teve um filho aos 17 anos e comenta que, embora não tenha sido expulsa de casa, não recebeu apoio da família e nem de amigos próximos.
Frente às dificuldades, o que mais elas receberam da família e amigos foi apoio, realidade nem sempre presente na história de outras garotas que engravidaram cedo. É o caso de Clara, que preferiu não identificar o sobrenome. Ela teve um filho aos 17 anos e comenta que, embora não tenha sido expulsa de casa, não recebeu apoio da família e nem de amigos próximos.
“Me senti sozinha e, no lugar onde deveria encontra auxílio,
dei de cara com olhares de reprovação e palavras de desânimo. O que tive de
fazer foi permanecer firme com a gravidez apesar de todas as dificuldades”,
revela com tristeza. Clara, de 22 anos, atualmente mora sozinha com seu filho,
que tem hoje 5 anos de idade.
Informação sobre anticoncepcional
Para especialistas, a informação ainda é a melhor forma de
prevenção. A aliança entre família e escola pode ser de extrema importância
para a conscientização desses adolescentes.
“As escolas podem ajudar a esclarecer pontos como a imensa gama de opções de métodos anticoncepcionais que podem prevenir. Além disso, as mães precisam conversar bastante com suas filhas e mostra a elas como proceder nessas situações. Conversar com os meninos também é essencial para orientar quanto ao sexo indiscriminado”, declara.
“As escolas podem ajudar a esclarecer pontos como a imensa gama de opções de métodos anticoncepcionais que podem prevenir. Além disso, as mães precisam conversar bastante com suas filhas e mostra a elas como proceder nessas situações. Conversar com os meninos também é essencial para orientar quanto ao sexo indiscriminado”, declara.
A psicóloga Yullia confirma que a conversa entre pais e
filhos é sempre o melhor caminho e aponta que, quando esse diálogo começa desde
cedo, os impactos são indefinidamente menores. “É algo mais que certo:
conversar e manter diálogo sobre sexualidade diminui em muitos níveis os riscos
de um indivíduo cometer deslizes inconsequentes”, afirma.
Por: O Imparcial
Por: O Imparcial
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