O reajuste
de 1,81% no valor do salário mínimo para o ano de 2018, de R$ 937 para
R$ 954, é o menor desde o Plano Real, anunciado em 1994 e que controlou a
hiperinflação na economia brasileira, aponta série histórica do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Isso significa que o reajuste que será aplicado no salário
mínimo no ano que vem o menor em 24 anos.
Até então, o menor aumento havia ocorrido em 1999, quando o
salário mínimo, que serve de referência para 45 milhões de pessoas no Brasil,
havia avançado 5,79%.
Para fazer esse cálculo, o G1 considerou o salário
mínimo médio de cada ano. Isso porque, antes de 2012, de uma forma geral, havia
um valor para o salário mínimo diferente nos primeiros meses do ano e só depois
era feito o reajuste.
A explicação para a variação de 1,81% está na forma de
correção do salário mínimo em vigor, que leva em consideração a soma da
variação do PIB de dois anos antes e a variação do INPC do ano anterior.
Para o caso específico de 2018, portanto, está sendo somado
o resultado do PIB de 2016, que foi de queda de 3,6%, com o INPC de 2017. Como
o resultado do PIB de 2016 foi negativo, o reajuste do salário mínimo é feito
apenas pela variação do INPC.
Além disso, o 1,81% de variação do INPC é uma estimativa do
governo, já que o percentual exato só será conhecido em janeiro.
Essa regra para correção do salário mínimo vale somente
até 2019. No ano que vem, portanto, o governo fixará o salário mínimo
de 2019 pela última vez com base nessa regra. Analistas esperam que o novo
formato de correção do salário mínimo, de 2020 em diante, seja um dos pontos
debatidos na campanha eleitoral para a Presidência da República no ano que vem.
Economia de R$ 3,3 bilhões
Com a decisão de conceder um reajuste R$ 11 menor em relação
à estimativa anterior de R$ 965, o governo economizará cerca de R$ 3,3 bilhões
em gastos em 2018.
"Cada um real de aumento no salário mínimo gera um
incremento de R$ 301,6 milhões ao ano nas despesas do governo", informou o
Ministério do Planejamento na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
encaminhada ao Congresso em abril.
Números oficiais mostram que o benefício de cerca de 66% dos
aposentados equivale ao salário mínimo. A correção do mínimo também impacta
benefícios como a RMV (Renda Mensal Vitalícia), o seguro-desemprego e o abono
salarial.
Salário mínimo 'necessário'
O valor do salário mínimo proposto para o próximo ano ainda
está distante do valor considerado como "necessário", segundo cálculo
do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese).
De acordo com o órgão, o salário mínimo
"necessário" para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas
com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte,
lazer e previdência deveria ser de R$ 3.731,39 em novembro deste ano.
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