A princípio, vê-se o caso como mais um crime ocorrido dentro
de uma das unidades do Complexo Penitenciário do Estado, mas há indícios de que
se trata de mais um crime feito por encomenda, por um assassino frio e
calculista.
O fato está a exigir das autoridades policiais uma investigação
mais apurada para comprovar ou não a veracidade desta denúncia. Por esta, o
detento Alan Kardec Dias Mota, de 31 anos, foi morto por encomenda de um chefe
do narcotráco conhecido como Tobias, que se encontra preso e que teria pago R$
2 mil ao assassino.
A denúncia foi feita na Quinta Delegacia Distrital (Anjo da
Guarda) ao delegado Walter Wanderley, por familiar do detento morto. Este caso,
no entanto, deverá ser investigado pela 12ª Delegacia (Rio Grande/Maracanã).
Naquela unidade da Polícia Judiciária do Maranhão, tem
andamento inquérito para apurar o assassinato de Alan Kardec, ocorrido no
domingo, dia 7 do mês em curso, durante o banho de sol na quadra da Unidade
Prisional de Ressocialização de São Luís – 4 (UPSL 4), quando teria se
envolvido em uma briga com o paraense Johnathan de Sousa Silva, conhecido por
ser o assassino confesso do jornalista Décio Sá.
Na ocasião, Johnathan se desentendeu com Alan Kardec Dias
Mota e o feriu no peito com um pedaço de ferro. A vítima chegou a ser socorrida
e levada para o Hospital Doutor Clementino Moura (Socorrão II), mas morreu no m
da tarde. Um inquérito tem andamento no 12º DP. Ali, ao ser interrogado pelo
delegado Luigi, Johnathan admitiu ter matado Alan Kardec, porque vinha sendo
ameaçado de morte por este, que seria um dos fundadores da facção criminosa
Bonde dos 40.
Um “rosário” de crimes
Alan Kardec Dias Mota era natural de São Luís, nascido a 22
de dezembro de 1986. Sua vida foi marcada pela prática de vários crimes, sendo
acusado de ser um dos chefes do narcotráco no eixo Itaqui-Bacanga e autor de
vários homicídios naquela região e em outros pontos da cidade. O delegado
Walter Wanderley, titular da 5ª Delegacia Distrital (Anjo da Guarda), disse que
assumiu o comando daquela unidade da Polícia Civil, no dia 13 de maio de 2013,
e logo chegou ali a informação de que Alan Kardec havia acabado de matar um
homem identificado como Oziel Cutrim, conhecido como “Xibiu”.
O assassino teria atraído a vítima através de telefonema em
que disse-lhe que tinha uma droga para entregar-lhe. Xibiu foi para a Praça da
Ressureição, local indicado por Alan Kardec, e ali o cou esperando. Alan chegou
com uma sacola aparentando ser a droga. Quando se aproximou, desferiu mais de vinte
tiros em Xibiu, que morreu ali mesmo, e fugiu deixando a sacola. Conta o
delegado Walter que, ao vericar a sacola, havia apenas duas bandas de tijolo.
Três dias depois,
Alan Kardec voltou a matar. Desta feita, a vítima foi o mototaxista Marcos
Adriano Melônio Fróes. Alan teria mandado telefonar para o mototaxista,
solicitando uma corrida da Praça da Vila Bacanga.
Quando Marcos Adriano
chegou para pegar o suposto passageiro, foi morto por Alan Kardec, que o estava
esperando. No dia 5 de julho do mesmo ano, Alan Kardec voltou a delinquir
matando o traficante Sérgio Henrique Pereira, no Bar da Torcida, na Praça da
Vila Bacanga. Este crime teria sido motivado pelo fato da vítima ter com ele um
débito referente à compra de drogas, que relacionamento amoroso com sua mulher,
fato que revoltou Tobias. Alan usou uma mulher muito bonita para atrair Marcelo
Cangaço para a Praça da Vila Bacanga.
Quando este ali chegou, foi atacado por
Alan Kardec e correu pedindo abrigo em uma galeteria. O comerciante, conhecido
como “Seu Rico”, dono do estabelecimento, tentou evitar o crime, caindo na
frente da vítima, e também foi baleado. Alan Kardec fugiu, e as duas vítimas
foram socorridas e hospitalizadas, escapando da morte.
O delegado Walter
Wanderley disse que apurou todos os crimes praticados por Alan Kardec na sua
área de circunscrição, inclusive por crime de organização criminosa em parceria
com outros bandidos identificados como Pisirico, Thullama, Paiakan, Patrick,
Pirata e Romário, que também foram indiciados, e representou ao Judiciário,
solicitando sua prisão preventiva, no que foi prontamente atendido.
O delegado,
então, passou a procurar aquele criminoso que, vendo-se encurralado, fugiu do
Maranhão, sendo presa em Santa Isabel, cidade do estado do Pará, e recolhido ao
presídio de Pedrinhas, passando a responder aos processos em que foi indiciado.
Arma ainda o delegado Walter que Alan Kardec matou outras pessoas nos bairros
João Paulo, Vila Embratel, Cidade Operária, Maiobão e Cidade Olímpica.
Assassino de Jornalista
O detento Johnathan
de Sousa Silva, de 24 anos, foi condenado pelo assassinato do jornalista Décio
Sá, ocorrido em abril de 2012. Ele confessou ter assassinado o jornalista Décio
Sá, com cinco tiros, em um bar da Avenida Litorânea, orla de São Luís. O
pistoleiro confessou à polícia que matou o jornalista a mando de um consórcio
de agiotagem, formado por seis pessoas, presas no dia 13 de junho.
O empresário Gláucio Alencar Pontes Carvalho (34), seu pai,
José de Alencar Miranda Carvalho (72), José Raimundo Sales Charles Jr. (38),
Fábio Aurélio do Lago e Silva (32) e Airton Martins Monroe (24) foram apontados
por Johnathan como envolvidos na morte do jornalista Décio Sá. Um policial da
Polícia Militar também foi apontado, mas depois inocentado na Justiça.
Johnathan relatou, inclusive, que teriam encomendado o crime por R$ 100 mil,
mas o valor não foi pago integralmente, o que motivou seu retorno para São
Luís, no intuito de cobrar a divida.
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